sábado, 31 de maio de 2014

NO ESCURO DAQUELA NOITE




A noite trouxe sua saia negra
Bordada de estrelas e lua cheia.
Em sua plenitude quis ser diferente.
Como uma  bailarina espanhola
Sacudiu todo o brilho na terra.
Iluminou-a de tal modo
Que até os cegos viram.
O céu ficou negro...
Onde foi parar meu amor,
Se, com ele aprendi a amar olhando estrelas,
E, em uma delas encontrávamos?
Se a lua nos emprestava seu brilho
Fazendo nossos planos tão maiores?
Se ouvia músicas chamando
Que viesse para mim?
Acima de outros amores e sonhos,
Estávamos a fim...
Reencontramos a luz do dia.
A terra subiu ao céu,
Ou o céu desceu a terra...
Nos entregamos enfim!



Rosângela Brasil Gontijo

quarta-feira, 16 de abril de 2014

O AMOR MAIOR




A branca e imensa lua
Testemunhou dores,
Insultos, desafios demoníacos!
Humanos transtornados rebaixam o Filho à escória.
Deus feito Homem, entre ladrões.
Preso, coroado de espinhos, torturado, crucificado.
Entregue ao seu destino. 
A lua paralisada pelo terror se esconde e chora... 
O céu indignado escurece, sacode a terra que também chora. 
Jesus entrega sua alma ao pai.
Ao terceiro dia ressuscita. Vence a morte!
As portas do céu se abrirão e anjos cantarão Glória!
A todos que viverem as leis do amor!

ROSÂNGELA BRASIL GONTIJO

quinta-feira, 10 de abril de 2014

VESTIDOS BORDADOS COM LEMBRANÇAS


Histórias eram contadas nas saias
Linhas coloridas, cores escolhidas...
Bordavam a saia da menina.
Casa pequena, fumaça na chaminé,
Um caminho para chegar à lagoa.
Um sol sorridente amarelo.
Flores? Todas!
Céu azul, pomar.
Uma cerca branca para enfeitar.
Pombais rodeados de aves,
Igreja, pracinha, balões,
Crianças com bonecas de pano.
Maria Fumaça a sorrir chegando...
E a menina gira, abrindo a saia enquanto lemos
Mostrando esta poesia devagar.

Rosângela Brasil Gontijo

sexta-feira, 7 de março de 2014

MULHERES NO DIA INTERNACIONAL




 No mundo existe todo tipo de mulher.
Há aquela que nos encanta
Pela fé, força, determinação...
Também aquela que,pela beleza, pela sedução.
Há quem chama atenção pela cultura, belos discursos.
As sábias, a quem a vida ensina, sem ter estudo.
As que doam, acolhem, vivem para ajudar.
Outras acham que a vida tudo lhe dá porque tudo lhe deve.
E aquelas que necessitam, estão aqui a pagar.
Há as que nos enxergam num simples olhar.
As que nos encantam pela beleza do coração, sorriso e alegria.
As que querem mudar as pessoas
E o mundo vira seu espelho.
Conheci uma que vivia a orar, a jejuar...
Outra trabalhava o dia inteiro
Para os filhos a noite não terem fome.
As que vendem seu corpo por dinheiro...
As que amam um só homem a vida inteira.
As que sofrem nas mãos dos “companheiros”
As meninas tão novas abusadas por alguns tostões,
As vítimas dos pais, sofrendo trancadas em porões.
Mães que doam a vida pelo filho.

Outras o abandona na lixeira.
Há heroínas que são reconhecidas, aplaudidas...
E tantas outras escondidas...
Há aquelas que são sempre lembradas,
As que são preciosas e esquecidas.
As que são julgadas caluniadas e odiadas...
Aquela que tudo fez e quando não há mais poder
Não merecem perdão.
A cada uma que com sua história
Nos trás o pensar e crescer, o meu abraço.
Sem julgar, sem condenar, sem desmerecer.
Hoje só quero entender...

Rosângela Brasil Gontijo-07/03/2014   


 

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

FIM DE SEMANA


 Na casa de minha mãe
 Acordo com cantos de anjos
 E música do céu.
 Perfume de mirra,
E uma paz infinita...
Minha mãe nesta hora 
É pura energia
Seus olhos como os de Maria
Me dizem coisas sem falar.
Na casa de minha mãe
Tem carinho, cafuné,
Café quentinho, bolo de laranja,
Rosquinha e pão de queijo.
Tem prosa, cosquinhas no pé para acordar.
Tem lembranças e choro,
Aprendizado, assunto emendado,
Exemplo de fé, de coragem, trabalho
E reza no altar.
Na casa de minha mãe
Tem histórias guardadas em caixas e na memória,
Com testemunhas em fotos a nos olhar...
A casa de minha mãe guarda memórias dos que partiram
E queriam ficar.
Olho ao redor para não esquecer,
Um movimento, um olhar, um caminhar.
Pois sou os olhos que não vão calar...
Nesta casa tem vestígios dos tempos de guerra e de paz.  

Rosângela Brasil Gontijo-16/02/2014

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

O PRIMEIRO BEIJO




Foi com paixão de quem vai partir
Quando a ausência já era presente
A dor apertava a garganta da gente
Misturava-se às salgadas lágrimas.

Os olhos pediam tempo.
Confusos não se continham
O desejo maior que a dor
E lábios se beijaram com loucura!

Certos de que não viveríamos 
Sem nossos lábios se roçando,
Como o vento soprando 
Num grande campo de trigo.

Ou teríamos a dor que separa e sangra
Como as mais temidas ondas
Na hora da tempestade!

Vimos a morte quando em nós
Tudo queria vida!
Lábios, corpos em agonia,  
Batem, debatem, até que tudo serena.

Rosângela Brasil Gontijo

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

A VIAGEM






O avião bordou o azul celeste de branco.
Fez renda de nuvem para vestido caro,
De noiva ou princesa...
A ponta da renda desce,
No corpo frágil a noiva se enrola nas nuvens...
Flores brancas, fitas brancas, tudo branco...
O noivo espera emocionado. 
Ela flutua com o pai, ao som de violinos.
A noiva está descalça!
O chapéu de organza cobre seu rosto levemente.
A brisa sopra, o chapéu voa, voa muito alto...
A noiva levou toda renda do céu!
Minha imaginação se foi com a nuvem...

Rosângela Brasil Gontijo